A literatura tem apontado a coesão como um aspeto importante na dinâmica de um grupo desportivo, assim como no desempenho dos atletas nos treinos e na competição (Brandão, 1993; Voight & Callaghan, 2001).
A coesão torna-se pertinente, uma vez que, nos meios de comunicação, há referência a conflitos entre jogadores do mesmo clube e entre atletas e treinadores (Vasconcelos-Raposo, 1994). Esta problemática é acompanhada de períodos de rendimento inferior (Vasconcelos-Raposo, 1994).
A coesão pode ser definida como o resultado de forças de atração exercidas pelo grupo quanto aos seus membros e propensa a mantê-los no seu seio (Thill, et al., 1989; Weinberg & Gould, 2007). Carron (1982, cit. in Figueiredo, 2000) conceptualiza a coesão como um processo dinâmico em que há uma tendência do grupo para permanecer junto, perseguindo em metas e objetivos comuns.
A coesão é uma conceptualização do processo de integração de capacidades técnicas e afetivas que expressa o modo coletivo de sentir, de pensar, de querer e de agir (Chappuis, 1989). A coesão não é rígida, modificando-se ao longo da pressão dos acontecimentos (fracassos, rivalidades, frustrações, angústias, etc.) (Chappuis, 1989). No entanto, a coesão pode ser trabalhada no sentido da sua manutenção, tendo sempre em mente a construção de um “clima de confiança” e de “bom espírito entre os atletas”. A eliminação de conflitos promove um melhor conhecimento de si próprios aos atletas, fá-los sentirem-se melhor e “agirem melhor” em conjunto (Chappuis, 1989).
A união de uma equipa é fundamental para o bom desempenho da mesma (Figueiredo, 2000). O respeito entre os jogadores promove a união do grupo e, nesse sentido, a presença de um líder, de um capitão, é um componente essencial para ajudar nessa integração (Corrêa, et al., 2002). Desta forma, nas equipas coesas, os atletas incentivam-se para que cada um faça o máximo possível para ajudar a equipa (Corrêa, et al., 2002).
A eficácia de um grupo desportivo baseia-se no equilíbrio entre cooperação e competição dentro do próprio grupo (Brandão, 1993). Quando o fator competitivo prevalece, aumenta a hostilidade e, por sua vez, a intolerância mútua (Brandão, 1993). Quando prevalece o fator cooperação, há um ambiente amistoso entre os membros e uma diminuição das críticas (Brandão, 1993). Estes dois fatores interferem com o grupo, quer nos treinos, quer nas competições (Brandão, 1993). Cooperação sem competição ou competição sem cooperação são extremos indesejáveis que ameaçam a eficiência do grupo (Brandão, 1993).
Weinberg e Gould (2007) referem que as competências individuais dos membros de uma equipa geralmente não predizem corretamente o desempenho da mesma.
Para que o rendimento de uma equipa desportiva seja o desejado, é necessário que a coesão afetiva (harmonia das relações interpessoais) caminhe lado a lado com a organização técnica (Thill, et al., 1989).
Uma equipa não tem sentido senão na medida em que todos os jogadores pretendem o mesmo fim, a vitória (Castelo, 1994). É em função da equipa que se determina as orientações do jogo, as interrelações (função de cada jogador, o seu posicionamento, os seus deslocamentos, e os seus comportamentos) e os direitos e as responsabilidades de cada um (Castelo, 1994). Kurt Lewin (1967, cit. in Castelo, 1994) refere que o grupo deve ser percecionado de uma forma gestaltista, porque as situações sociais e psicológicas são dinâmicas, querendo isto dizer que a modificação que afeta uma das suas partes implica a modificação do conjunto. O grupo não se pode reduzir à soma dos seus membros, pois é uma totalidade dinâmica onde as interrelações o dominam (Castelo, 1994).
Quer a dimensão de uma equipa, quer o tipo de relacionamento entre os atletas, são influenciados por alguns fatores tais como: tamanho, proximidade dos seus membros, permeabilidade, diferenciação dos papéis de grupo, comportamentalização e rotas de comunicação (Vasconcelos-Raposo, 1994b). Estas características subjacentes ao grupo, no seu total, definem a coesão (Vasconcelos-Raposo, 1994b). O nível de coesão é maior em grupos pequenos e com proximidade física (Figueiredo, 2000).
A comunicação é importante para a coesão, tal como para o desempenho da equipa (Figueiredo, 2000). Para trabalhar a coesão numa equipa devem-se definir objetivos comuns claros e que sofram mudanças de acordo com o progresso do grupo (Figueiredo, 2000). Deve-se encorajar a competição positiva dentro da equipa, para que os atletas possam juntos alcançar um melhor desempenho, e deve-se ter muito bem definido o papel de cada um para que todos se sintam responsáveis pelo sucesso da equipa (Figueiredo, 2000).
Neste sentido, a Escola de Afetos fornece aos atletas e clubes desportivos avaliação psicológica, apoio psicológico e intervenção psicológica em grupo.
Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica, Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde com uma dissertação em Psicologia do Desporto
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